P. EaD: A educação deve ser igual para todos?

Não. A gente acredita que tentar educar todo mundo do mesmo jeito não só parece ineficaz, como perigoso. Isso não quer dizer que algumas pessoas mereçam educação e outras não — mas que pessoas diferentes aprendem de formas diferentes, em tempos diferentes, com interesses diferentes.


E aqui entra o ponto essencial: quando a gente força igualdade onde existe diversidade, o que a gente cria não é justiça — é nivelamento. E esse nivelamento costuma ser para baixo.


A nossa intuição — de que a educação deveria respeitar as diferenças — é uma das ideias mais fortes nas pedagogias libertárias, na educação personalizada, na proposta de currículos flexíveis como o da Clonlara School.


Mas a gente está atento ao risco: alguns usam esse argumento para justificar desigualdades sociais. Como se “cada um no seu lugar” fosse um destino inevitável. Então, como sair dessa armadilha?


A educação deve ser diferente para pessoas diferentes. E isso exige mais esforço, mais cuidado, infinitamente mais investimentos, não menos. Precisamos de diversidade nos métodos, caminhos e tempos de aprendizagem. Mas isso não pode justificar falta de acesso, de apoio, de estrutura. Educar desigualmente para tratar com equidade não é elitismo — é o contrário. É justiça profunda.


Para refletir: vocês já aprenderam algo de um jeito que seria impossível para outra pessoa da mesma idade aprender? Ou já se frustraram porque um método igual para todos não funcionava para vocês?


Quando se fala em “educação igual para todos”, geralmente se pensa em direitos garantidos, acesso universal, justiça. Mas há um perigo escondido aí: tratar como iguais os que são diferentes, nivelando todo mundo por uma mesma régua, cronograma, currículo, apostila, ou padrão de comportamento. E aí surge a pergunta: será que igualdade na educação significa mesmice?


Talvez não. Talvez o que a gente precise é o contrário: educar desigualmente para que todos tenham oportunidades reais de florescer — com seus tempos, interesses, limites e potências. A igualdade que interessa é a que reconhece e valoriza a diferença. E isso é profundamente unschooling.

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