P. EaD: A intermidialidade como linguagem da infância
Ana e Davi não leem apenas livros. Eles mergulham em universos. O personagem que aparece num mangá pode voltar num anime, renascer numa série, ser reinventado numa fanfic, virar meme, skin de jogo, avatar de RPG, figurino de cosplay.
Essa circulação entre mídias é o que os teóricos chamam de intermidialidade: quando uma história não está presa a um formato, mas transita — e se transforma — ao habitar diferentes linguagens.
O que pra muitos adultos parece dispersão (“eles não focam em nada!”), na verdade é alfabetização múltipla e expandida. Ana e Davi aprendem a decodificar imagens, falas, silêncios, enquadramentos, metáforas visuais, trilhas sonoras, elipses narrativas, subtextos e estilos gráficos.
Eles não estão apenas consumindo mídias.
Estão lendo o mundo por dentro das mídias.
Ler mangá não é só “ler quadrinhos japoneses”. É entrar em um ritmo de leitura diferente (de trás pra frente), reconhecer convenções gráficas (as linhas de movimento, os olhos como espelhos da alma), captar o tempo das emoções.
Ver anime não é só “ver desenho”. É lidar com temas densos embalados em formas sensíveis. É chorar com um personagem que morre, torcer por um amor impossível, pensar sobre lealdade, poder, sacrifício, injustiça.
Ana e Davi sabem que um personagem pode ter mil versões. Sabem que há infinitas formas de contar a mesma história.
E isso os ensina, no mais íntimo, que a verdade não é uma só — e que cada mídia revela partes diferentes do todo.
A linguagem dos quadrinhos — dos gibis da Turma da Mônica aos mangás de aventura, das tirinhas do Calvin ao drama das graphic novels — é uma forma única de contar o tempo.
Cada quadro é uma pausa.
Cada espaço entre quadros (o gutter, como nomeia Scott McCloud) é um abismo de sentido que o leitor precisa preencher.
Ler quadrinhos é, portanto, um exercício de imaginação ativa, de montagem mental, de montagem existencial.
E nesse gesto de montagem, Ana e Davi treinam um tipo de leitura que é também filosófica:
O que vem antes e depois de cada cena?
O que está fora do quadro?
O que não foi dito, mas está sugerido?
Isso é hermenêutica pura.
E, ao mesmo tempo, é brincadeira.
Nos animes e HQs que Ana e Davi amam, a moral não é simples. Os heróis podem errar. Os vilões têm passado.
Não há bem e mal puros — há contextos, feridas, contradições.
Autores como Bakhtin diriam que essa multiplicidade de vozes é um aprendizado profundo da alteridade.
Autores como Freire diriam que isso é educação libertadora.
E autores como Gee e Jenkins diriam que esse é o caminho natural da alfabetização do século XXI — uma alfabetização multimodal, crítica, participativa, conectada.
Ana e Davi vivem isso todos os dias.
E o fazem com amor, riso, lágrimas e encantamento.
Porque para eles, aprender nunca foi um fardo.
Foi — e continua sendo — descobrir o mundo com olhos brilhando.
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