P. EaD: Les Fans: Publics Actifs et Engagés


Resumo do livro Les Fans: Publics Actifs et Engagés de Mélanie Bourdaa

O livro Les Fans de Mélanie Bourdaa analisa o papel dos fãs como públicos ativos e engajados na cultura digital, explorando como eles se organizam, criam e participam de diferentes formas de ativismo e produção de conteúdo. A obra está dividida em duas partes principais:

Parte 1 - Política(s) do e dos fãs: ativismo e engajamento social

A primeira parte do livro investiga a cultura dos fãs sob uma perspectiva política e social, abordando o ativismo cultural e a luta por representatividade. Bourdaa analisa como os fãs mobilizam esforços para defender suas séries e personagens favoritos e, ao mesmo tempo, promovem debates sociais e políticos, como a diversidade e a inclusão.

  • Definições e Metodologias das Fan Studies: A autora revisita a evolução dos estudos sobre fãs, explicando como a convergência cultural e a cultura da participação influenciaram esses públicos.
  • Ativismo dos fãs: São analisadas campanhas e ações coletivas, como petições para salvar séries canceladas e mobilizações que utilizam personagens icônicos como símbolos de resistência (exemplos incluem Wonder Woman como ícone feminista e Leia Organa como símbolo da luta contra opressão).
  • Representatividade e impacto nas minorias: A autora discute a importância de personagens LGBTQ+ nas produções audiovisuais e como sua representação impacta os fãs, ajudando no processo de autoaceitação e no ativismo social.

Parte 2 - Práticas dos fãs

Na segunda parte, Bourdaa examina as práticas criativas dos fãs, enfatizando como eles transformam sua paixão em produção de conteúdo e participação ativa dentro das comunidades.

  • A comunidade de fãs: A obra explora como os fãs se organizam em coletivos, desenvolvendo mentorias, criando redes de apoio e compartilhando conhecimentos.
  • Produção de conteúdo e preservação da memória cultural: Os fãs desempenham um papel fundamental na manutenção e expansão dos universos narrativos. Exemplos incluem wikis colaborativos (Westworld), arquivos digitais (Battlestar Galactica Museum), e a prática do fansubbing (legendas feitas por fãs).
  • Cosplay e performance: O cosplay é analisado como uma forma de expressão que vai além do entretenimento, funcionando como um meio de construção de identidade e pertencimento dentro do fandom.
  • Fanart, fanfictions e narrativas expandidas: A criação de novas histórias e a transformação do material original pelos fãs são destacadas como práticas essenciais para o enriquecimento do universo de uma obra.
  • Caso Wynonna Earp: A autora utiliza a comunidade de fãs da série Wynonna Earp como estudo de caso, demonstrando como a criatividade e o ativismo se manifestam na prática.

Conclusão

Bourdaa argumenta que os fãs desempenham um papel crucial na cultura contemporânea, influenciando as indústrias midiáticas e impulsionando debates sociais e políticos. Seu engajamento transcende o entretenimento, tornando-se uma força ativa na luta por mudanças culturais.

Este livro é uma leitura essencial para quem deseja entender a relação entre os fãs, a cultura digital e o ativismo na sociedade atual.


REFLEXÃO COM NOSSOS FILHOS 

Ler trechos de Les Fans com meus filhos foi como segurar um espelho e ver refletida a maneira como eles já estão mergulhados nessa cultura participativa que Mélanie Bourdaa descreve com tanta precisão. Não foi só uma leitura acadêmica — foi um reconhecimento. A cada página, eu via mes filhos: a forma como transformam suas paixões em expressão, dos universos que expandem com fanarts, das análises que fazem de games, HQs e séries, das trends do TikTok que abraçam e ressignificam com autenticidade.


Bourdaa mostra que ser fã hoje não é só gostar de algo — é se envolver, criar, transformar, questionar. E é exatamente isso que vejo quando a Ana desenha a personagem que amou em uma série e posta com orgulho no TikTok, ou quando o Davi grava um vídeo explicando a construção narrativa de God of War. Eles não apenas consomem cultura — eles a reescrevem. Estão inseridos nesse fandom plural, ativo e politizado que não aceita mais ser espectador passivo.


A leitura do livro nos ajudou a nomear coisas que já faziam parte da nossa rotina, mas que agora ganham peso, contexto e até potência política. Ver que seus vídeos, desenhos e reflexões fazem parte de um movimento maior — onde fãs não apenas seguem, mas lideram, criam e impactam — reforça o quanto tudo isso é educativo, significativo e digno de ser valorizado.


Hoje, mais do que nunca, entendo que TikTok, Discord, fandoms e HQs não são distrações. São territórios de construção de identidade, de resistência criativa e de aprendizagem real. Bourdaa nos ajudou a ver isso com clareza. E ver meus filhos ali, nos exemplos e nas entrelinhas, foi uma das experiências mais bonitas que já tive como mãe e como educadora.


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