P. EaD: Por que escolhemos o TikTok?
Num mundo saturado por redes sociais que disputam atenção, likes e relevância como se a vida fosse um campeonato de visibilidade, pode soar estranho afirmar com convicção que menos é mais. Mas aqui em casa, essa virou uma escolha consciente.
Meus filhos, Ana e Davi, decidiram concentrar sua presença online no TikTok. E sim, foi uma decisão deles — mas mediada por mim, que acompanho de perto esse mergulho nas redes como mãe, educadora e observadora atenta da cultura digital.
A escolha não foi impulsiva. Eles testaram outras redes, refletiram, conversaram comigo, e voltaram para o TikTok. Eu, que tinha minhas resistências, precisei escutar. Observar. Me abrir. O resultado? Eu entendi. Concordei. Apoio com firmeza.
O impossível da onipresença digital
Aqui em casa, não acreditamos nessa ideia de que dá para estar em todas as redes, produzir conteúdo para cada uma, interagir com diferentes públicos, seguir as lógicas de cada algoritmo... e ainda viver com presença o Unschooling no mundo real. Isso não seria vida — seria exaustão disfarçada de engajamento. É uma fábrica de ansiedade.
Ana e Davi têm uma vida rica além das telas: estudam em um modelo de educação personalizada, cuidam dos seus bichos, participam de projetos autorais, desenham, caminham, jogam, cozinham, leem, cuidam de si e do outro. Tudo isso exige tempo, energia e presença.
O tempo de tela no Unschooling faz parte, claro. Mas precisa coexistir em equilíbrio. E isso implica fazer escolhas. Implica renunciar à ilusão de que é possível dar conta de tudo. Eles não precisam ser influenciadores, muito menos onipresentes.
Por que o TikTok?
Quando nos sentamos para discutir onde concentrar o conteúdo que produzem — desenhos, narrativas, humor, reflexões e fandoms — várias plataformas vieram à mesa: Instagram, YouTube Shorts, Pinterest, Kwai, até o velho Facebook. Mas o TikTok se destacou. E os motivos que eles me deram foram surpreendentes pela maturidade:
1. A comunidade interage — e com leveza.
Segundo eles, o TikTok favorece mais o diálogo que o julgamento. Comentários viram conversas, reações se multiplicam, o conteúdo é remixado. Existe troca.
2. Os comentários são engraçados e gentis. Há ódio na plataforma? Claro. Mas há também uma cultura predominante de humor, trocadilhos, elogios rápidos. Eles riem com os comentários. E isso cria pertencimento.
3. A função de repost faz o conteúdo circular. É fácil republicar um vídeo e deixá-lo girar entre perfis, sem roubo nem plágio. Isso gera uma sensação de rede colaborativa — menos competição, mais fluxo.
4. O algoritmo recompensa ideias simples. Não é preciso ter mil seguidores para alcançar visibilidade. Um vídeo bem pensado pode rodar, alcançar, tocar — e isso gera senso de justiça algorítmica.
5. A interface é direta e acessível.
Gravar, editar e publicar no TikTok é simples. Isso reduz a burocracia criativa e amplia a espontaneidade. Foca-se no conteúdo, não no processo técnico.
6. O foco é no que se faz, não no que se é.
Não há feed de fotos, nem exposição forçada da intimidade. No TikTok, o que aparece é o vídeo, a ideia, a entrega. Isso alivia a pressão social. Eles resumiram assim: "As outras redes são o oposto disso tudo." E eu, sinceramente, concordo.
Uma escolha também política. Concentrar-se em uma só rede é também um gesto contra a lógica do excesso. Ana e Davi sabem que poderiam estar em todas — mas não querem. E eu reforço isso. Porque o tempo deles, nesse momento de ingresso no High School, é precioso demais para ser sugado pela rolagem infinita, pela ansiedade de performance, pelo medo de não estar “fazendo o suficiente”.
Eles não estão contra outras redes. Apenas entenderam que não vale o custo de se fragmentar para habitar lugares que não os acolhem. O TikTok, por enquanto, é um espaço onde se sentem bem, livres, criativos — e vistos.
Educação digital não é controle — é presença. Apoiar essa escolha não significa deixar rolar. Significa estar junto. Não com vigilância, mas com curiosidade. Leio os comentários com eles. Dou risada junto. Questiono. Peço que me expliquem os memes.
Compartilhamos códigos, subtextos e aprendizados. Essa presença constrói uma alfabetização digital contínua. Uma educação para a linguagem, e para o uso ético da tecnologia.
E mais: é também uma escolha por sanidade. Eles não precisam ser empreendedores digitais com 14 e 15 anos. Eles precisam ser jovens com tempo pra crescer. Escolher onde estar é tão importante quanto estar.
O lado negativo do TikTok — e o que fazemos com isso
Nada disso ignora os perigos da plataforma: o vício, os desafios absurdos, os conteúdos vazios, a lógica do “engaja ou morre”. Por isso, aqui em casa, o TikTok não entra no modo automático. É discutido. Dosado. Observado.
Eles mesmos criaram suas regras de uso. Se colocam limites de tempo. E, sobretudo, tem espaço para conversar quando algo incomoda. O TikTok não é babá eletrônica. E é ferramenta — que pode construir ou ferir, dependendo do uso.
O que eles fazem por lá?
Ana posta seus desenhos e narrações com humor e sensibilidade. Cria personagens, mostra seus processos criativos, responde comentários com trechos de sketchbook. Davi compartilha ideias sobre jogos, mitologia, memes, desenhos, edita animes, cria esquetes simples e cheias de timing.
Eles não estão ali para vender imagem. Estão ali para explorar linguagem. Estão experimentando o que emociona, o que funciona, o que conecta.
E eu, mãe, estou por perto — não como quem vigia, mas como quem aprende junto.
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