P. Videogames: e a violência?
Nós sentamos com nossos filhos para ver os jogos que escolheram explorar (como jogos do estilo battle royale e outros do gênero), e resolvemos liberar porque não vimos algo prejudicial para os nossos filhos. Nós consultamos literatura sobre essa questão e encontramos o seguinte: "[...] Quanto a pergunta sobre pistolas, fuzis etc. acho que as crianças precisam brincar de guerra [...] As brincadeiras de guerra são brincadeiras de crianças pequenas; mais tarde, gosta-se de artes marciais - como se diz - que são brincadeiras com regras e que exigem autocontrole [...]" (Fraçoise Dolto em "Quando os filhos precisam dos pais"). Nós vemos o videogame Fortnite como essa brincadeira de guerra, como um jogo de paintball virtual. Além disso, F. Dolto aponta para o fato de valorizarmos as armas em desfiles cívicos, pois representam parte da organização monopolista da violência que proporcionou a paz que vivemos hoje, se compararmos com a enorme violência no passado. Aliás, diga-se de passagem, esses nossos ancestrais não jogavam videogames, e, no entanto, eram absurdamente mais violentos. E, as crianças são levadas com suas famílias para admirar esse desfile cívico de armas, então, nos questionamos, será que não é natural a criança ter curiosidade sobre essas armas, e duelos, e guerras? E se achamos ok levar nossos filhos para ver esses desfiles cívicos repletos de armas, canhões e tudo mais, por que não está ok ver essas mesmas armas num jogo de videogame?
Nessa mesma linha de reflexão ... contamos contos de fada para os nossos filhos regados de cenas violentas, como "Contos da mamãe gansa" (1697), de Charles Perrault, com a história do "Pequeno Polegar", em que um ogro ameaça Polegar e seus irmãos com o canibalismo, contra o qual o pequeno herói investe munido apenas por sua astúcia, e achamos que está ok narrar essa violência, é até saudável. E as ilustrações de Gustave Doré tornam as ameaças do conto ainda mais terríveis. Mas um monte de personagens do mundo da fantasia, como um gato com corpo humano (Miausculo), um homem dourado (Midas), uma banana gigante, e um peixe com corpo humano (Peixoto) correndo pra lá e pra cá armados, aí não? Será mesmo que isso já é o cúmulo da violência? É verdade, podemos ter certza absoluta que isso vai transformar nossos filhos em psicopatas assassinos em série!? Realmente não conseguimos acompanhar essa predição. Não estamos dizendo com isso que todas as crianças devem jogar Fortnite ou outros jogos do gênero. Estamos falando apenas que para os nossos filhos, no contexto em que vivemos, simplesmente não fez sentido pra gente negar a experiência de jogar o Fortnite.
Nós também encontramos dois estudos interessantes, um do professor Edward O. Wilson "The Social Conquest Of Earth", e, do professor Norbert Elias "Deporte Y Ocio En El Proceso De La Civilización", ambos apontam para uma "canalização" civilizadora da violência através das competições organizadas. A nossa espécie animal tem uma tendência forte a buscar o pertencimento a um grupo, essa é uma das mais fortes propensões da psique do primata Sapiens e a fonte de muita violência. No entanto, ambos os autores acreditam que estamos evoluindo, para evitar a guerra e a violência, mas sem abrir mão da alegria da competição entre os grupos, através das competições organizadas com os esportes, incluso campeonatos de videogames. O futebol americano, por exemplo, é um esporte de sangue, que atrai milhares de primatas Sapiens, por proporcionar um orgulho nacional ou regional, que está relacionado a esportes coletivos. E é isso que devemos buscar mesmo, porque, novamente, esse espírito é um dos mais criativos. Isso faz parte de ser humano. Precisamos de nossos grandes jogos, esportes coletivos, competição e Olimpíadas. Ou seja, seguindo essa linha de raciocínio o videogame justamente ajuda a diminuir a violência.
Lemos como outros pais unschoolers estão lidando com essa questão, e, buscamos em revistas argumentos sólidos que nos convencessem a negar o Fortnite aos nosso filhos, mas encontramos justamente o contrário, encontramos argumentos que nos convenceram a liberar o Fortnite. Como o artigo "Fortnite: Violent, Compelling, and (Sometimes) Manageable Strengths, risks, and recommendations: 7 ways parents can manage Fortnite use", ficamos atentos ao comportamento dos nossos filhos diante do Fortnite; já faz mais de dois meses que eles estão jogando, e não presenciamos a manifestação de nenhum dos riscos apontados pela Ph.D. Dona Matthews. Lemos também o artigo "Blame Game: Violent Video Games Do Not Cause Violence: What research shows us about the link between violent video games and behavior", e, francamente, os testes e a conclusão da APA não nos convenceram de que o Fortnite geraria comportamento agressivo em nossos filhos. O que nós presenciamos até o momento foram situações das crianças tendo que lidar com a frustração de perder uma jogada, e isso tem sido uma ótima oportunidade de praticarem a resiliência em um ambiente seguro e cercados de amor e atenção.
Ainda consultamos o guia prático de classificação indicativa, produzido pela Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), do Ministério da Justiça, que tem como uma de suas competências a atribuição da classificação indicativa a obras audiovisuais (incluso videogames), onde é colocado claramente que essa política pública consiste em indicar a idade não recomendada, no intuito de informar aos pais, garantindo-lhes o direito de escolha. Lemos os critérios do guia que mais nos preocupavam e constatamos o seguinte:
(A) sobre a presença de armas - "a utilização de armas em estandes de tiro, treinamentos em que não há agressão direta entre os personagens e a utilização em qualquer outro local apropriado, em que o uso não seja apresentado de forma violenta". Vimos que o Fortnite, que encaramos como uma brincadeira de paintball virtual, não permite um jogador agredir o outro. Entendemos por agressão o ato em que um indivíduo lesa fisicamente o outro. No Fortnite, por mais que o personagem de um jogador atire ou bata no personagem de outro jogador, não ocorre lesão, nenhum membro do corpo é esquartejado, não se vê uma gota de sangue, os personagens permanecem intactos / ilesos, e quando perdem na briga simplesmente desaparecem, como que capturados por uma luz;
(B) sobre a violência - "cenas em que as mortes são apresentadas sem violência, tanto no momento em que o ato ocorre, como na exposição de cadáver, sem que haja o envolvimento de dor ou lesões" e "apresentação de níveis elementares e fantasiosos de violência, a exemplo dos atos agressivos vistos em desenhos animados destinados ao público infantil, que não apresentem correspondência com a realidade". Vimos que o Fortnite não apresenta sangue, corpos dilacerados, cadáveres, ou qualquer cena do gênero, e o personagem de um jogador, quando abatido, não teatraliza dores, gritos, expressão de sofrimento, ele simplesmente é levado por uma luz e pode escolher assistir a partida até o fim, para ver como se sai a sua equipe, ou entrar em outra partida. Nos pareceu até menos violento que os desenhos do Frajola, Papa-Léguas, Patolino e outros do gênero, em que um personagem, por exemplo, bate com uma bigorna na cabeça de outro, que é completamente amassado e, logo em seguida, volta a sua forma original.
Como o próprio guia coloca "nem sempre a ocorrência de cenas que remetem à violência é prejudicial ao desenvolvimento psicológico da criança". Então, diante de tudo que vimos até o momento, resolvemos liberar o Fortnite, entre outros videogames e apps do gênero. Montamos postagens falando sobre os videogames e apps que mais exploramos para cobrir os temas indicados pela BNCC no ensino fundamental I e no ensino fundamental II, e o uso de tablets para a educação.
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