P. Autoconhecimento: dinâmicas familiares e parentalidade

Hoje vamos embarcar em uma aventura emocionante para descobrir como as famílias funcionam e o que significa ser um pai ou uma mãe ou uma filha, enfim, esses papéis, e depois eu vou falar em outras postagens sobre como explorei o jogo The Sims 4 para aprender sobre esses conceitos da psicologia e da sociologia das dinâmicas familiares.

DINÂMICAS FAMILIARES

Vamos começar entendendo o que são dinâmicas familiares. Sabe quando você está brincando com seus irmãos ou irmãs e surge um problema? Talvez alguém queira um brinquedo que outro está usando. Isso cria uma dinâmica na família. Dinâmica familiar é como as pessoas na sua família interagem entre si. Cada família tem sua própria maneira especial de lidar com coisas como problemas, alegrias e tristezas. Algumas famílias falam muito, outras são mais caladas, algumas são muito agitadas e outras são mais calmas. Então , vamos falar sobre algumas dinâmicas familiares comuns ...


Comunicação

Algumas famílias têm uma comunicação aberta e constante, enquanto outras podem ter dificuldade em se expressar ou ouvir uns aos outros. 

Por exemplo, imagine que você e sua família estão sentados à mesa jantando. Durante o jantar, sua mãe pergunta como foi seu dia na escola e se há algo que você queira compartilhar. Você se sente à vontade para contar sobre suas aventuras na escola, os amigos com quem brincou e até mesmo sobre algum problema que teve durante o dia. Sua mãe ouve atentamente, faz perguntas e oferece conselhos quando necessário. Essa é uma família que tem uma comunicação aberta e constante. Todos se sentem à vontade para falar sobre seus sentimentos e experiências.

Agora, vamos imaginar uma outra situação. Você está com seus pais e irmãos na sala de estar assistindo a um filme juntos. De repente, sua irmã mais velha começa a chorar. Seus pais perguntam o que está acontecendo, mas sua irmã apenas diz que está tudo bem e não quer falar sobre isso. Seus pais tentam novamente perguntar se ela quer conversar, mas ela continua insistindo que está tudo bem. Neste caso, pode ser que haja uma dificuldade em se expressar ou ouvir uns aos outros na família. Sua irmã pode estar se sentindo triste ou preocupada com algo, mas não se sente confortável em compartilhar seus sentimentos com os outros membros da família.

Esses exemplos mostram como a comunicação pode variar de uma família para outra. Em uma família com uma comunicação aberta, as pessoas se sentem à vontade para falar sobre seus sentimentos e pensamentos. Já em uma família com dificuldades de comunicação, pode ser mais difícil expressar-se e compartilhar emoções. É importante que as famílias trabalhem juntas para melhorar a comunicação e criar um ambiente onde todos se sintam ouvidos e compreendidos.

A seguir, eu vou dar mais exemplos de comunicação na dinâmica familiar através de diálogos.

Autoritário e Democrático:

Pai: "Você vai fazer isso porque eu estou mandando. Não questione minhas ordens." Filho: "Mas pai, eu só queria entender por que..." Pai: "Não interessa o porquê. Faça o que eu disse, ou vai se ver comigo."

Pai: "Entendo que você tem perguntas sobre as regras da casa. Vamos conversar sobre isso." Filho: "Eu não entendo por que tenho que fazer isso." Pai: "É uma boa pergunta. Vamos discutir juntos as razões por trás das regras e como podemos encontrar um equilíbrio que funcione para todos."

Desrespeitoso e Respeitoso 

Pai: "Você sempre faz tudo errado! Não tem jeito com você. Você é preguiçoso e irresponsável." Filho: se sente humilhado e ressentido.

Pai: "Eu percebi que você não concluiu suas tarefas hoje. Podemos conversar sobre o que aconteceu?" Filho: "Eu estava ocupado com outras coisas e esqueci." Pai: "Entendo. É importante que cumpramos com nossas responsabilidades. Como podemos ajudá-lo a lembrar das tarefas no futuro?"

Comentários sobre o Diálogo

No diálogo autoritário, o pai impõe suas decisões sem espaço para discussão ou compreensão. Isso pode criar um ambiente onde os filhos se sintam diminuídos e desvalorizados.

Já no diálogo democrático, o pai abre espaço para que o filho expresse suas opiniões e preocupações, promovendo uma comunicação mais aberta e respeitosa.

Na abordagem autoritária e desrespeitosa para chamar a atenção, o pai usa linguagem depreciativa e crítica, o que pode prejudicar a autoestima e a confiança do filho.

Na abordagem respeitosa, o pai expressa preocupação e oferece apoio para resolver o problema, demonstrando empatia e buscando soluções em conjunto.

Ao adotar uma abordagem mais democrática e respeitosa na comunicação e na maneira de chamar a atenção dos filhos, você promove um ambiente familiar mais saudável e fortalece os laços de confiança e respeito mútuo.


Papéis familiares

Cada membro da família pode ter um papel específico, como o cuidador, o engraçado, o responsável, entre outros. Esses papéis podem mudar ao longo do tempo e podem impactar as interações familiares. 

Por exemplo, imagine uma família composta por um pai, uma mãe, um irmão mais velho e uma irmã mais nova. Vamos chamá-los de Sr. e Sra. Silva, Marcos (o irmão mais velho) e Sofia (a irmã mais nova). Na família Silva, o Sr. Silva é visto como o principal provedor. Ele trabalha duro para sustentar a família e muitas vezes toma decisões importantes sobre finanças e assuntos relacionados à casa. Sra. Silva é a cuidadora principal. Ela é carinhosa e atenta às necessidades de cada membro da família, cuidando da casa, preparando refeições e ajudando com o dever de casa das crianças. Marcos, o irmão mais velho, é o responsável. Ele ajuda com tarefas domésticas, como levar o lixo para fora e cuidar do cachorro da família. Além disso, ele muitas vezes assume a responsabilidade de ajudar Sofia com lições de casa ou protegê-la quando ela está com medo. Sofia, a irmã mais nova, é vista como a alegria da família. Ela é engraçada, brincalhona e adora fazer todos rirem. Apesar de ser mais nova, ela traz uma energia positiva para a casa. Esses papéis familiares influenciam as interações entre os membros da família. Por exemplo, se o Sr. Silva ficar desempregado, Sra. Silva pode assumir um papel mais ativo no sustento da família, enquanto Marcos pode assumir mais responsabilidades em casa. Essa flexibilidade nos papéis familiares ajuda a família a se adaptar às mudanças e crescer juntos.


Conflitos e resolução de problemas

Todas as famílias enfrentam conflitos em algum momento. A forma como esses conflitos são abordados e resolvidos pode variar de uma família para outra.

Por exemplo: vamos imaginar uma família composta por um pai, uma mãe e duas irmãs, Ana e Sofia. Um dia, Ana e Sofia estão brincando na sala de estar. Ana está construindo uma torre com blocos de brinquedo enquanto Sofia está desenhando em uma folha de papel. De repente, Ana acidentalmente derruba a torre de blocos que Sofia estava tentando equilibrar. Sofia fica chateada e começa a chorar, acusando Ana de ter destruído seu trabalho. Ana, por sua vez, se sente mal pelo que aconteceu, mas acha que foi apenas um acidente e não entende por que Sofia está tão zangada. As meninas podem lidar com o conflito de maneiras diferentes. Ana pode tentar se desculpar e explicar que foi um acidente, enquanto Sofia pode se sentir magoada e expressar sua frustração com mais lágrimas ou raiva. Nesse ponto, os pais podem intervir. Eles podem acalmar as meninas e ouvir ambos os lados da história. Eles podem explicar para Ana a importância de prestar atenção e ter cuidado ao brincar para evitar que acidentes aconteçam. Além disso, eles podem confortar Sofia e incentivá-la a expressar seus sentimentos e ensiná-la sobre a importância do perdão e da compreensão.

Uma dinâmica oposta seria aquela em que a família não consegue resolver o conflito de maneira eficaz ou construtiva. Vamos considerar a mesma família e o mesmo conflito. Sofia fica muito zangada e começa a gritar com Ana, acusando-a de ser desajeitada e egoísta. Ana, por sua vez, fica chateada e começa a chorar, dizendo que não foi intencional. Nesse caso, os pais não conseguem intervir de maneira eficaz. Eles podem ficar sobrecarregados com a situação e não conseguirem acalmar as meninas ou ajudá-las a resolver o conflito. Eles podem até mesmo ficar irritados com as meninas por estarem brigando e acabar aumentando a tensão no ambiente familiar. Como resultado, o conflito pode persistir sem uma resolução adequada. As meninas podem continuar brigando, guardando rancor uma da outra e criando ressentimentos que podem afetar negativamente o relacionamento entre elas no futuro. Essa falta de habilidade para resolver conflitos de maneira construtiva pode levar a um ambiente familiar tenso e desgastante. Nesses casos, é importante que a família busque ajuda externa, como terapia familiar, para aprender habilidades de comunicação e resolução de conflitos e restaurar a harmonia no lar.


Estilo de disciplina

Os pais podem adotar diferentes estilos de disciplina, como autoritário, permissivo ou democrático, o que influencia a dinâmica familiar.

Por exemplo, considere uma família composta por um pai, uma mãe e um filho chamado Lucas.

No estilo autoritário, o pai dessa família  impõe regras rígidas e espera obediência absoluta por parte de Lucas. Lucas deve dizer: "Sim senhor!" para tudo que seu pai fala. Se Lucas tenta dialogar, essa tentativa é vista como desrespeitosa e um ataque pessoal. Quando Lucas quebra uma regra, o pai pode puni-lo severamente, sem levar em consideração suas opiniões ou sentimentos. Por exemplo, se Lucas chega em casa tarde, o pai pode impor um castigo rigoroso sem ouvir os motivos de Lucas para o atraso. Isso pode criar um ambiente de medo e tensão na família, onde Lucas se sente inseguro e com medo de expressar suas próprias opiniões.

No estilo permissivo, a mãe dessa família adota um estilo de disciplina permissivo. Ela é mais flexível com as regras e permite que Lucas tenha muita liberdade. Por exemplo, quando Lucas não termina suas tarefas escolares, a mãe pode ignorar o comportamento ou até mesmo fazer as tarefas por ele, em vez de impor consequências. Isso pode levar a uma dinâmica familiar onde Lucas não aprende a assumir responsabilidades ou a respeitar limites, e pode se tornar mimado ou manipulador.

No estilo democrático, o pai e a mãe estabelecem regras claras e consistentes, mas também incentivam a participação de Lucas na tomada de decisões e ouvem suas opiniões. Por exemplo, quando Lucas quer ficar acordado até mais tarde para jogar com os amigos, os pais discutem juntos as vantagens e desvantagens dessa decisão e chegam a um consenso que seja justo para todos. Isso cria um ambiente familiar de confiança e respeito mútuo, onde Lucas se sente valorizado e aprende habilidades importantes de resolução de problemas.

Esses exemplos ilustram como diferentes estilos de disciplina podem influenciar a dinâmica familiar e o desenvolvimento das crianças. Um estilo de disciplina democrático tende a promover relacionamentos mais saudáveis e equilibrados entre pais e filhos, enquanto estilos autoritários ou permissivos podem causar problemas de comportamento e conflitos na família.


Nível de envolvimento

Algumas famílias são muito envolvidas umas com as outras, passando muito tempo juntas, enquanto outras podem ter membros mais independentes.

Por exemplo, considere duas famílias: a Família A e a Família B.

Família A - Muito envolvida. Na Família A, os membros são muito envolvidos uns com os outros. Eles passam muito tempo juntos, compartilhando atividades, conversas e experiências. Por exemplo, nos finais de semana, todos se reúnem para fazer piqueniques no parque, assistir a filmes em família ou realizar caminhadas juntos. Durante a semana, eles reservam um tempo para conversar sobre seus dias, fazer refeições juntos e participar de atividades extracurriculares como um grupo. Esse alto nível de envolvimento fortalece os laços familiares e cria um senso de união e apoio mútuo.

Família B - Membros mais independentes. Por outro lado, na Família B, os membros são mais independentes e têm interesses e atividades individuais. Eles ainda se amam e se apoiam, mas cada membro tem seu próprio espaço e autonomia. Por exemplo, durante os finais de semana, os pais podem ter cada um seus próprios hobbies enquanto os filhos participam de atividades esportivas ou artísticas separadas. Durante a semana, cada membro da família pode ter suas próprias rotinas e compromissos, com menos tempo dedicado a atividades em conjunto. Embora essa família valorize a independência e a liberdade individual, eles ainda encontram maneiras de se conectar e compartilhar momentos significativos juntos.

Esses exemplos mostram como o nível de envolvimento pode variar entre famílias. Algumas famílias preferem passar muito tempo juntas, enquanto outras valorizam a independência e a individualidade de seus membros. Ambos os estilos têm seus próprios pontos fortes e podem contribuir para relacionamentos familiares saudáveis, desde que haja comunicação aberta e apoio mútuo.

Essas são apenas algumas das dinâmicas familiares mais comuns, e é importante lembrar que cada família é única e pode ter suas próprias dinâmicas específicas.


Parentalidade 

Agora, vamos falar sobre a parentalidade. Isso é sobre os papéis de ser um pai ou uma mãe ou um filho(a). 

O Papel dos Pais na Dinâmica Familiar

Ser pai ou mãe é uma responsabilidade muito importante. É esperado que os pais cuidem de você, te protejam, te ensinem coisas novas e te ajudem a crescer forte e feliz. É considerado o papel dos pais: estar sempre lá para você, não importa o que aconteça; ser paciente e compreensivo; ouvir seus filhos; entender como eles se sentem e ajudá-los a aprender com os erros. 

Às vezes, infelizmente, os pais podem não conseguir cumprir plenamente seus papéis devido a uma série de razões. Por exemplo:

Ausência emocional. Alguns pais podem estar fisicamente presentes, mas emocionalmente ausentes. Isso significa que eles podem não estar disponíveis para oferecer o apoio emocional necessário ou para ouvir atentamente seus filhos quando precisam expressar seus sentimentos.

Falta de orientação. Em alguns casos, os pais podem não ter as habilidades ou recursos necessários para orientar seus filhos da maneira adequada. Eles podem não estar aptos a fornecer orientação ou conselhos sobre questões importantes da vida, como educação, relacionamentos ou carreira.

Falta de envolvimento. Alguns pais podem não estar envolvidos nas vidas de seus filhos devido a compromissos de trabalho, problemas pessoais ou outras razões. Isso pode levar a uma falta de apoio e supervisão, deixando os filhos se sentindo negligenciados ou desamparados.

Falta de comunicação. A comunicação é essencial para uma parentalidade eficaz. Quando os pais não se comunicam adequadamente com seus filhos, isso pode levar a mal-entendidos, conflitos não resolvidos e falta de conexão emocional.

Esses exemplos mostram como, infelizmente, nem todos os pais conseguem cumprir plenamente seus papéis. 


O Papel dos Filhos na Dinâmica Familiar

Assim como os pais têm um papel importante dentro da família, os filhos também possuem responsabilidades que afetam o equilíbrio e a harmonia familiar. A relação entre pais e filhos é uma via de mão dupla, onde todos contribuem para a qualidade do ambiente familiar. O comportamento dos filhos pode, tanto positivamente quanto negativamente, influenciar essa dinâmica.

Assim como os pais precisam se esforçar para serem pacientes, compreensivos e presentes, os filhos também devem aprender a lidar com suas emoções, expressar seus sentimentos de maneira adequada e reconhecer o papel que desempenham na construção de um ambiente familiar harmonioso. O diálogo aberto, a empatia e a busca por apoio, quando necessário, são essenciais para que ambas as partes – pais e filhos – possam superar as dificuldades e construir relações saudáveis e respeitosas.

A vida em família é uma construção coletiva, onde todos têm um papel, e as relações são nutridas por meio de colaboração, respeito e empatia, tanto por parte dos pais quanto dos filhos. Claro, o nível de responsabilidade deve ser proporcional à idade e ao desenvolvimento emocional do filho. Crianças pequenas, por exemplo, ainda estão aprendendo a lidar com suas emoções e comportamentos, então precisam de mais orientação e paciência. Já adolescentes ou jovens adultos têm uma capacidade maior de refletir sobre suas atitudes e de assumir um papel mais ativo na melhoria das relações familiares.

Cobrar um esforço dos filhos não significa sobrecarregá-los ou culpar apenas eles pela situação. Em vez disso, trata-se de ensiná-los que eles também têm responsabilidade nas dinâmicas interpessoais e que suas ações afetam positivamente ou negativamente o ambiente em que vivem. Isso é parte do processo de desenvolvimento emocional e social. Aprender a lidar com conflitos, pedir desculpas, mudar comportamentos prejudiciais e colaborar para o bem-estar familiar são habilidades importantes para a vida.

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