P. Videogames: Ancestors - evolução da cultura

Nossos pais leram conosco e nos explicaram a ideia de "cultura" do trabalho da cientista Eva Jablonka.

Ela diz que cultura é como uma rede viva de coisas que as pessoas aprendem e compartilham, como comportamentos, ideias, gostos e coisas que fazem. Essa rede é formada e mudada com o tempo pelas pessoas de uma comunidade. Evolução é quando essas coisas mudam de geração em geração. A evolução cultural humana é a maneira como essas ideias e comportamentos mudam ao longo do tempo na nossa sociedade. Nesse processo, as pessoas aprendem coisas novas, as transformam e contribuem para que a cultura continue mudando e crescendo.

Diferente dos humanos, os animais também podem passar informações uns para os outros, como por sons, cheiros ou sinais. Quando eles fazem isso de geração em geração, isso também pode ser chamado de cultura. Porém, a cultura humana é especial porque usamos símbolos (como palavras, gestos e imagens) para nos comunicar e passar ideias. Os símbolos estão em tudo na nossa vida – desde a comida que gostamos até as músicas que cantamos. Enquanto os animais não têm esse tipo de comunicação simbólica, nós, humanos, dependemos muito disso para criar e passar adiante nossas ideias, arte e modos de viver.

Eva Jablonka nos lembra que, para entender por que alguma ideia ou comportamento existe, devemos pensar em como e por que eles foram criados, mudados e transmitidos ao longo do tempo. Ela diz que também é importante pensar em quem se beneficia dessas mudanças e como elas são feitas. Essas coisas estão sempre ligadas ao jeito que vivemos, como nossas leis, nossa economia e até nossa política

Nossos pais nos mostraram, com o videogame Ancestors, como nossos ancestrais viviam em grupos durante milhares de anos. Esses grupos desenvolveram diferentes formas de viver juntos, diferentes culturas, e foi só mais recentemente (há uns quinze mil anos) que surgiram tribos e sociedades mais complexas.

Também lemos juntos partes do livro Armas, Germes e Aço, de Jared Diamond, e discutimos o que aprendemos no jogo Ancestors sobre a cultura dos bandos / grupos pequenos. Por exemplo, nos grupos pequenos, todos conheciam todos pelo nome e tinham uma relação com cada pessoa do grupo. Por isso, não havia polícia ou leis como nas sociedades maiores de hoje. Não era preciso, porque as pessoas se ajudavam e resolviam os problemas entre elas. Já no jogo Dawn of Man, como veremos em outras postagens, onde os Homo Sapiens (nossos ancestrais) já tinham uma forma de pensar mais simbólica, se uma pessoa encontrava outra de um grupo diferente, eles tentavam descobrir alguma conexão entre suas famílias, para evitar conflitos. Se não conseguissem, às vezes acabavam brigando.

Nesses grupos tradicionais, as decisões eram tomadas pela comunidade toda, e todos podiam falar nas reuniões, sem um chefe mandando. Muitos grupos tinham alguém chamado “homem-grande”, que era o mais respeitado por sua sabedoria. Mas ele não era um chefe de verdade, nem tinha um cargo especial. Ele só ajudava o grupo a chegar em decisões sem brigas. O “homem-grande” vivia como todo mundo: na mesma cabana, comia a mesma comida, vestia as mesmas roupas e não tinha nenhum privilégio especial.

O trabalho era feito por todos juntos, e cada pessoa tinha obrigações com várias outras. Ninguém era mais importante que o outro. Como eram poucos, e todos precisavam sobreviver juntos, não havia pessoas que faziam apenas um tipo de trabalho. Todos faziam um pouco de tudo: plantavam, colhiam, caçavam. Isso dificultava a criação de novas ferramentas ou técnicas, porque não havia pessoas dedicadas a isso o tempo todo. Mesmo assim, nossos ancestrais, vivendo em grupos, conseguiram evoluir bastante. Eles aprenderam a andar de pé, criaram a técnica da linguagem, dominaram o fogo, cozinharam alimentos, construíram abrigos, fizeram roupas, criaram ferramentas simples como lanças e facas, e até inventaram instrumentos musicais e tinta para pinturas. Mas o maior invento de todos foi a linguagem, que é o que nos torna uma espécie tão especial. Com ela, eles podiam compartilhar ideias e instruir a imaginação uns dos outros.

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