P. Cine&Tela: Uma análise de I Am Not Okay with This

Eu sempre gostei de histórias que misturam drama, adolescência e um toque de sobrenatural, então assistir I Am Not Okay with This com a minha família foi uma experiência muito legal. Além de assistir à série, também lemos a HQ e analisamos juntos os personagens, a narrativa e os temas abordados. Aqui estão algumas das coisas que mais me chamaram a atenção:

Sobre a História

A trama gira em torno da Sydney, uma adolescente que lida com os desafios típicos da idade – problemas na escola, questões familiares e confusão sobre seus sentimentos – mas com um diferencial: ela descobre que tem poderes psicocinéticos, que se manifestam quando ela está sob forte estresse ou emoção. Isso adiciona uma camada extra ao seu conflito interno, tornando a história ainda mais intensa.

O mais interessante é que, mesmo com elementos sobrenaturais, tudo continua muito humano e realista. Sydney não é uma heroína clássica, tipo a Eleven de Stranger Things. Ela não quer ter esses poderes e não sabe como controlá-los, o que faz a gente sentir ainda mais o peso das emoções dela.

Arquétipos na História

Discutimos bastante sobre os arquétipos presentes na trama e como eles ajudam a construir a história. Alguns que identificamos foram:

  • Herói Relutante: Sydney é uma protagonista que não quer ser especial nem ter poderes. Ela só quer sobreviver à adolescência sem explodir nada por acidente.
  • Mentor Oculto: Dina, a melhor amiga, mesmo sem saber dos poderes da Sydney, acaba ajudando ela a se entender melhor.
  • Antagonista Interno: O maior inimigo de Sydney é ela mesma. Seus sentimentos de raiva e frustração desencadeiam seus poderes e acabam piorando sua situação.
  • O Estranho: Stanley, o vizinho excêntrico, que desafia as normas sociais e serve como um amigo improvável para Sydney.
  • O Amigo de Confiança: Liam, o irmão mais novo dela, que oferece um apoio mais inocente e sincero.

Esses arquétipos ajudam a dar profundidade à história e tornam os personagens mais fáceis de se conectar.

Arcos dos Personagens

Falamos bastante sobre como os personagens evoluem ao longo da história. Cada um deles tem um arco que reflete mudanças significativas:

  • Sydney começa tentando apenas lidar com sua vida cotidiana, mas conforme seus poderes se tornam mais difíceis de ignorar, ela precisa aprender a se aceitar e entender seu próprio potencial.
  • Dina, que no início é só a melhor amiga e um possível interesse romântico, também tem um arco de crescimento pessoal, lidando com seus próprios conflitos internos.
  • Stanley começa como um cara esquisito e engraçado, mas conforme a história avança, percebemos que ele também tem suas inseguranças e busca uma conexão genuína com os outros.
  • Liam, o irmão mais novo, pode parecer um personagem secundário, mas ele representa uma espécie de porto seguro para Sydney, um lugar de afeto verdadeiro dentro de toda a confusão emocional dela.

Estruturas Narrativas

Outro ponto interessante foi observar como a narrativa é construída. Como a história é contada pelo diário da Sydney, isso dá um tom mais pessoal e permite que a gente tenha acesso direto aos seus pensamentos e emoções. A estrutura também usa muita tensão e mistério, já que os poderes dela aparecem aos poucos e a gente vai descobrindo junto com ela como tudo funciona.

Além disso, a série trabalha bem a construção da identidade e do crescimento pessoal. Não é só sobre ter superpoderes, mas sobre se entender como pessoa em um mundo que muitas vezes parece caótico e sem sentido.

Analisando com Lévi-Strauss e Todorov

Discutimos também como a história se encaixa nas análises de Lévi-Strauss e Todorov:

  • Lévi-Strauss e os binários: A série trabalha muito com oposições como poder e impotência, controle e descontrole, aceitação e rejeição. Sydney oscila entre esses extremos o tempo todo.
  • Todorov e o desequilíbrio: No início, Sydney está em um estado de equilíbrio (mesmo que instável), mas quando os poderes começam a aparecer, tudo sai do controle. Ela passa o resto da história tentando encontrar um novo equilíbrio – mas será que consegue?

Conclusão

No fim, I Am Not Okay with This não é só uma história sobre poderes sobrenaturais. É sobre amadurecimento, autoconhecimento e lidar com os próprios monstros internos. Gostei muito de analisar essa série com meus pais porque ajudou a enxergar os detalhes da narrativa que normalmente eu não prestaria atenção. Além disso, discutir esses temas fez a gente refletir sobre como as histórias que consumimos influenciam a maneira como entendemos o mundo – e a nós mesmos.


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