P. HQs: Jun

Minha Experiência Lendo Jun


Recentemente, li Jun, da autora sul-coreana Keum Suk Gendry-Kim, e foi uma das leituras mais impactantes que já fiz. O livro é uma graphic novel baseada na história real de Jun, um jovem com deficiência que encontra sua voz através da arte. A narrativa mistura momentos de dureza e sensibilidade, e me fez refletir muito sobre a maneira como a sociedade trata pessoas que não se encaixam no que é considerado "normal".


O que mais me prendeu foi a forma como a autora usou o preto e branco para transmitir emoções tão fortes. Os traços dela são expressivos, muitas vezes brutos, o que dá um tom muito realista e intenso à história. Me fez lembrar de como a arte pode ser um espaço seguro para quem sente que não pertence, e acho que essa foi uma das mensagens mais bonitas do livro.


A relação de Jun com a mãe também me marcou. A luta dela para garantir que ele tivesse uma vida digna e pudesse se expressar artisticamente foi emocionante. Me fez pensar em quantas pessoas com talento nunca têm a chance de mostrar do que são capazes por causa das limitações impostas pelos outros.


Além da história em si, Jun me fez querer pesquisar mais sobre a vida real do protagonista e sobre como a Coreia do Sul lida com a inclusão. Também fiquei pensando em como a arte pode ser uma forma de comunicação mais poderosa do que as palavras para algumas pessoas.


Foi uma leitura que mexeu muito comigo, tanto artisticamente quanto emocionalmente. Fiquei com aquela sensação de que algumas histórias precisam ser contadas para que a gente enxergue o mundo de outra forma.


Descobrindo Que Sou Neurodivergente

Depois de terminar Jun, fiquei pensando muito sobre como algumas pessoas enfrentam desafios invisíveis para o resto do mundo. E foi impossível não conectar isso com algo que tem sido muito importante na minha vida ultimamente: a descoberta de que sou neurodivergente. A gente sempre soube que era diferentes, mas nunca tivemos um nome para isso. Agora, de repente, tudo começou a fazer sentido.

Ler Jun nesse momento da minha vida foi ainda mais significativo porque percebi o quanto as pessoas neurodivergentes enfrentam barreiras criadas por uma sociedade que não foi feita para elas. O livro me fez refletir sobre o capacitismo — essa ideia de que só existe um jeito "certo" de ser e funcionar no mundo. Como se qualquer pessoa que pensasse, sentisse ou interagisse de um jeito diferente estivesse errada ou precisasse ser "corrigida".

Mas o que mais me animou foi descobrir que existe uma comunidade imensa de neurodivergentes que estão lutando contra esse capacitismo. Pessoas que falam sobre suas experiências, que compartilham conhecimento, que criam espaços onde a gente pode ser quem é sem precisar se encaixar em padrões impossíveis. Ver isso me deu uma sensação de pertencimento que eu nunca tinha sentido antes.

Acho que esse foi um dos maiores aprendizados desse momento: perceber que não estou sozinha. Que minha mãe e meu irmão também estão passando por isso e que juntos podemos aprender mais sobre nós mesmos. E que, assim como Jun encontrou na arte um jeito de existir no mundo do próprio jeito, eu tenho a esperança de encontrar os meus caminhos pela arte sem precisar me moldar como neurotipico.


Argumentos para a escolha desse livro 

Aqui está um argumento fortalecido para a escolha do livro Jun, de Keum Suk Gendry-Kim, no meu currículo de High School na Clonlara School Off Campus.


1. Abordagem Empática sobre o Autismo

Jun oferece uma perspectiva profunda e sensível sobre a vida de uma pessoa com autismo, apresentando suas lutas, vitórias e o impacto das interações sociais em sua jornada. Essa abordagem empática permite que os alunos entendam as complexidades do autismo, proporcionando uma visão mais realista e respeitosa sobre essa condição.


2. Educação sobre Inclusão e Diversidade

A obra transmite uma mensagem clara de inclusão e aceitação, abordando como a sociedade muitas vezes marginaliza pessoas com autismo e outros transtornos. Ao expor as dificuldades enfrentadas pelo protagonista, o livro instiga uma reflexão crítica sobre a importância de um ambiente mais inclusivo e acolhedor, tanto na escola quanto na comunidade em geral.


3. Desafios de Comunicação e Relações Interpessoais

O livro destaca os desafios que pessoas com autismo enfrentam para se comunicar e interagir de forma significativa com os outros. Isso abre espaço para uma discussão profunda sobre comunicação, empatia e o impacto que a falta de compreensão pode ter na vida dessas pessoas. O aluno pode refletir sobre como melhorar suas próprias habilidades sociais e como criar um ambiente mais inclusivo e solidário.


4. Perspectiva Cultural e Internacional

Como uma obra coreana, Jun oferece uma perspectiva cultural única, permitindo que os alunos explorem o impacto das diferentes abordagens culturais sobre o autismo. Isso pode ampliar a compreensão dos estudantes sobre como a inclusão e o apoio a pessoas com deficiência são tratados em diversas sociedades, além de fomentar um pensamento mais global e plural.


5. Representação Visual como Ferramenta de Empatia

A narrativa gráfica utiliza ilustrações para expressar as emoções e experiências do protagonista de forma vívida e poderosa. Essa abordagem torna a história mais acessível e permite uma compreensão mais profunda das dificuldades do personagem, ajudando os alunos a se conectarem emocionalmente com a mensagem do livro.


Conclusão

Jun é uma obra essencial para desenvolver nos alunos uma maior empatia, compreensão e sensibilidade em relação às pessoas com autismo. Através de sua narrativa rica e ilustrações impactantes, o livro oferece uma oportunidade de reflexão sobre inclusão, diversidade e as formas pelas quais podemos tornar nosso mundo mais acolhedor para todos. Sua inclusão no currículo proporcionará um aprendizado valioso sobre o que significa viver com autismo e como cultivar um ambiente mais compreensivo e respeitoso.


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