P. Ilustração: reflexões sobre a paixão como profissão
Desde pequena, desenhar sempre foi o meu refúgio. Era algo que eu fazia sem pensar, sem me preocupar se estava bom ou ruim. Era só eu, o lápis e o papel. Conforme fui crescendo, comecei a ouvir das pessoas que eu deveria transformar esse talento em profissão. No começo, a ideia parecia incrível: ganhar dinheiro fazendo o que eu amava. Mas, quando comecei a levar isso a sério, percebi que não seria tão simples quanto parecia.
Logo me vi cercada por expectativas. As redes sociais estavam cheias de artistas que pareciam produzir arte perfeita o tempo todo, seguindo tendências que viralizavam. Senti que precisava acompanhar esse ritmo, mas, com atenção e cautela para não desenhar coisas que não tinham nada a ver comigo, só porque estavam na moda. O objetivo não pode ser pra mim quantas curtidas eu poderia ganhar. Eu preciso encontrar uma tendência que tem a ver comigo e com o que eu realmente quero expressar. Assim não sinto meus desenhos ficarem vazios. Eu quero me reconhecer nos meus desenhos. Acho que por isso embarquei na Fanart.
Também entendi que dá para ganhar dinheiro com arte sem perder a integridade. É importante pra mim oferecer comissões que refletem meu estilo e meu valor, criar produtos com minhas ilustrações e começar a pensar em projetos que realmente me representassem. Descobri que há muitas maneiras de comercializar arte sem abrir mão de quem eu sou.
Mas o processo não foi fácil. A pressão para estar sempre presente nas redes sociais era enorme, e como sou muito tímida, não queria me expor em vídeos ou fazer propaganda da minha arte. Então, criei um perfil separado só para os meus desenhos. Assim, pude compartilhar meu trabalho sem misturar com minha vida pessoal. Isso me trouxe mais liberdade e conforto.
Hoje, vejo que preservar minha integridade como artista exige equilíbrio. Aprendi a respeitar meu ritmo e a cuidar da minha saúde mental. Não preciso produzir o tempo todo nem seguir todas as tendências. Tenho espaço para criar livremente e, ao mesmo tempo, posso transformar meu talento em algo que me sustente.
O mais importante foi entender que minha arte tem valor, mas que esse valor não depende só do que os outros acham. Depende de mim, da minha verdade e da conexão que eu tenho com o que crio.
Ainda estou no começo dessa jornada, mas agora me sinto mais segura. Sei que posso seguir minha paixão sem perder a mim mesma no caminho. E é isso que faz tudo valer a pena.
TRANSFORMAR PAIXÃO EM PROFISSÃO
É maravilhoso ter uma paixão tão forte pelo desenho e desejar transformar isso em uma profissão. O desafio está em equilibrar a expressão artística autêntica com a necessidade de sustento financeiro, sem que a arte perca seu significado ou se torne apenas uma mercadoria. Esse equilíbrio pode ser alcançado com sensibilidade e planejamento. Aqui estão algumas reflexões para esse caminho:
1. Preservar a Essência da Arte
Eu preciso me incentivar a continuar criando por prazer e expressão pessoal, sem a pressão de monetizar tudo o que produzo. Ter momentos para desenhar livremente, sem prazos ou expectativas comerciais, ajuda a manter a autenticidade e a paixão pela arte.
2. Explorar Diferentes Formas de Monetização
A arte pode ser comercializada de diversas maneiras, e nem todas comprometem a minha integridade. Algumas opções que mantêm um equilíbrio saudável incluem:
Comissões personalizadas. Produzir arte sob encomenda pode ser gratificante se houver alinhamento com o meu estilo.
Produtos com ilustrações próprias. Estampar desenhos em camisetas, cadernos ou outros produtos permite que a arte circule de forma criativa.
3. Estabelecer Limites e Objetivos
A transição da arte como hobby para profissão pode ser desgastante se não houver limites claros. É importante que eu tenha objetivos realistas e saiba que o crescimento profissional é gradual. Definir metas pequenas e alcançáveis ajuda a evitar frustrações.
4. Manter Espaço para o Desenvolvimento Artístico
Participar de cursos, workshops e eventos artísticos ajuda alimentar a criatividade e ampliar o meu repertório. A arte precisa continuar evoluindo, e isso é mais fácil quando há contato com novas ideias e técnicas.
5. Construir uma Identidade Artística
Eu me esforcei bastante pra encontrar um estilo próprio, algo que me diferencie, principalmente de Ilustração gerada por inteligência artificial. Uma identidade artística autêntica pode atrair um público que valoriza meu trabalho, tornando-o sustentável sem comprometer minha essência.
6. Lidar com a Exposição Pública de Forma Confortável
Como sei que eu tenho o traço de personalidade de introversão, sou muito tímida e não quero aparecer em vídeos ou fazer propaganda direta, eu busquei outras formas de divulgar o meu trabalho de uma maneira mais confortável pra mim, como:
Usar a minha marca Ninha Tenda Encantada @ninhaencamtada
Quero divulgar obras em plataformas focadas em arte, como Behance, ArtStation ou DeviantArt, sem a necessidade de exposição pessoal.
Criar um portfólio online e redes sociais voltadas apenas para a arte, mantendo a vida pessoal separada.
7. Refletir Sobre o Significado da Arte para mim
Um diálogo constante, interno e com outros, sobre o que a arte representa para mim, me ajuda a evitar que o processo de comercialização esvazie o valor pessoal da criação, como explorar sobre o papel da arte na sociedade e refletir sobre como equilibrar expressão e profissão.
8. Cuidar da Saúde Mental e Emocional
O mundo artístico pode ser exigente e competitivo. O apoio emocional da minha família é essencial para eu enfrentar críticas e pressões de forma saudável. Minha família me apoia e me incentiva a respeitar meu ritmo e a me afastar quando sinto que a arte está se tornando um peso.
9. Planejamento Financeiro e Profissional
Transformar a arte em profissão exige planejamento. Aprender sobre empreendedorismo, precificação de trabalhos, direitos autorais e marketing é fundamental. Há cursos e conteúdos acessíveis sobre como artistas podem gerir suas carreiras sem perder a autenticidade.
10. Inspiração de Outros Artistas
Eu pesquisei outros artistas que conseguiram equilibrar sucesso comercial com autenticidade, isso é inspirador. Existem ilustradores que optaram por caminhos mais discretos, mantendo o controle sobre a própria obra e sua exposição.
O mais importante é que eu me sinta respeitada em minhas decisões e limites. Transformar uma paixão em profissão pode ser muito gratificante, mas é essencial preservar o amor pelo que faço. Eu vejo que tendo apoio, paciência e espaço para crescer, eu posso encontrar um caminho que me satisfaça tanto criativa quanto financeiramente.
PARA REFLEXÃO
Hannah Arendt não aborda diretamente a ideia de que a arte perde seu valor quando é comercializada, mas suas reflexões sobre cultura, arte e sociedade podem ser interpretadas nesse sentido. Em "Entre o Passado e o Futuro" e "A Condição Humana", que minha mãe compartilhou trechos comigo, Arendt discute a relação entre arte, cultura e o mundo moderno, especialmente diante da massificação e da mercantilização da cultura.
Para Arendt, a arte pertence ao domínio da permanência, daquilo que tem valor duradouro e que contribui para a construção do mundo comum. A obra de arte, nesse contexto, não é algo que se consome ou se utiliza, mas algo que permanece e enriquece a experiência humana. Quando a arte se torna mercadoria — isto é, quando é produzida com o objetivo de ser vendida e consumida — ela pode perder esse caráter de permanência e se transformar em um bem de consumo efêmero, diluindo seu valor cultural e simbólico.
Ela critica a sociedade de massa e a cultura de massa por tratarem produtos culturais como bens de consumo, voltados para o entretenimento imediato e descartáveis após o uso. Essa lógica de consumo é incompatível com a natureza da arte, que deveria ser contemplativa e provocar reflexão.
No entanto, Arendt não afirma categoricamente que a comercialização elimina o valor da arte. A crítica dela é mais direcionada à transformação da arte em entretenimento ou em produto de massa, o que tende a esvaziar seu potencial de permanência e significado. A venda de obras de arte em si não necessariamente destrói seu valor, mas a produção em massa com foco exclusivamente comercial pode reduzir a profundidade e o impacto que a arte pode ter sobre a sociedade.
Portanto, a visão de Arendt sugere que a arte perde parte de seu valor quando é tratada apenas como mercadoria, mas essa não é uma condenação absoluta da comercialização, e sim uma crítica à lógica consumista que pode esvaziar a função cultural e política da arte.
A INTEGRIDADE DA ARTE E DO ARTISTA
Eu estou aprendendo que a integridade da arte e do artista está profundamente ligada à autenticidade, intenção criativa e liberdade de expressão. Quando esses elementos são comprometidos, a arte pode perder seu significado essencial e se afastar de sua função de provocar reflexão, emoção e conexão. Vários fatores podem afetar essa integridade, tanto de forma sutil quanto direta. Vamos explorar os principais:
1. Criação Guiada Apenas por Tendências de Mercado
Quando o artista cria exclusivamente para agradar o mercado ou seguir tendências, sua obra pode perder profundidade. A busca incessante por lucro pode levar a escolhas criativas que não refletem a verdadeira intenção do artista, resultando em obras superficiais ou genéricas.
Exemplo: Produzir arte apenas para viralizar em redes sociais, sem conexão com a própria expressão artística.
2. Pressão por Produção em Massa
A exigência por produtividade constante pode esvaziar o processo criativo. A pressão para lançar novos trabalhos rapidamente pode limitar a experimentação, a pesquisa e a maturação das ideias.
Exemplo: Ilustradores que precisam entregar arte diariamente para alimentar algoritmos de redes sociais podem acabar repetindo fórmulas.
3. Autoexploração ou Exploração por Terceiros
Empresas ou plataformas podem explorar artistas, pagando pouco ou exigindo exclusividade abusiva. Além disso, o próprio artista pode se autoexplorar, aceitando condições precárias por medo de perder relevância ou oportunidades.
Exemplo: Contratos que exigem que o artista produza em larga escala com baixa remuneração ou direitos autorais abusivos.
4. Censura e Autocensura
A censura imposta por governos, empresas ou plataformas pode restringir temas, estilos ou abordagens. A autocensura, por medo de críticas ou rejeição, também limita a expressão autêntica.
Exemplo: Evitar temas políticos ou sociais relevantes por receio de repercussão negativa.
5. Comercialização Excessiva da Imagem Pessoal
Quando a figura do artista se torna mais importante que a própria arte, pode haver um desvio do foco criativo. A pressão para manter uma "marca pessoal" pode engessar a liberdade de experimentar.
Exemplo: Artistas que moldam sua identidade nas redes sociais para vender mais, mesmo que isso não reflita quem são.
6. Perda de Propósito ou Significado
Quando o artista perde o contato com o motivo pelo qual começou a criar, a arte pode se tornar vazia. Isso pode acontecer pela busca excessiva por validação externa ou pelo desgaste emocional.
Exemplo: Continuar produzindo obras que já não trazem satisfação ou propósito, apenas para manter uma base de fãs.
7. Plágio ou Falta de Originalidade
Copiar o trabalho de outros ou depender excessivamente de referências sem adicionar algo próprio compromete a integridade artística. A criação deve ser um processo de transformação e não apenas de reprodução.
Exemplo: Imitar o estilo de artistas populares para ganhar visibilidade sem desenvolver um estilo próprio.
8. Dependência de Feedback Externo
Buscar aprovação constante pode limitar a exploração criativa. O medo de não agradar pode levar o artista a repetir padrões seguros e evitar riscos criativos.
Exemplo: Mudar a abordagem artística com base em comentários ou curtidas, em vez de seguir a própria intuição.
9. Uso de Plataformas que Exploram Artistas
Participar de plataformas que desvalorizam o trabalho criativo, oferecendo ganhos desproporcionais ou desconsiderando direitos autorais, pode esvaziar o valor do trabalho.
Exemplo: Sites que vendem arte digital a preços muito baixos ou sem garantir crédito adequado ao artista.
10. Falta de Coerência com Valores Pessoais
Quando o artista aceita trabalhos ou colaborações que vão contra seus princípios ou valores, sua integridade pode ser questionada.
Exemplo: Um artista ambientalista que faz campanhas para empresas que prejudicam o meio ambiente.
Como Preservar a Integridade Artística
Autoconhecimento: Refletir sobre os próprios valores, intenções e limites ajuda a manter a coerência criativa.
Equilíbrio: Encontrar formas de sustento que não sacrifiquem a expressão autêntica. Isso pode incluir projetos paralelos que sejam mais comerciais e outros mais pessoais.
Posicionamento Ético: Ser seletivo com parcerias e trabalhos, alinhando escolhas profissionais com princípios pessoais.
Espaço para Experimentação: Reservar tempo e energia para criar sem pressões externas, apenas pelo prazer de explorar ideias.
Respeito pelo Próprio Ritmo: Não ceder à pressão de produtividade constante. A arte precisa de tempo para amadurecer.
Preservar a integridade artística é um processo contínuo de equilíbrio entre autenticidade e viabilidade financeira. Isso não significa rejeitar oportunidades comerciais, mas sim escolher caminhos que respeitem a essência da arte e do artista.
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