P. Cine&Tela: Close

Eu, meu irmão e minha mãe vimos esse filme juntos. Antes de começar a gente pediu algumas chaves de observação para ajudar a desenvolver um olhar sensível, atento e analítico, como quem afina a audição para escutar uma música sutil. E a IA nos entregou o seguinte:

🌿 1. A atmosfera e o silêncio: o que não é dito

Close trabalha com silêncios, respirações, espaços vazios e olhares. Observar:

Como o silêncio “fala” entre os personagens.

Onde a câmera fica parada, onde ela se aproxima ou se afasta — e como isso afeta o que você sente.

O que fica implícito e não é nomeado — quais sentimentos o filme confia que o espectador vá perceber sem ser “explicado”?

💔 2. A amizade e a dor do corte

O filme retrata uma amizade intensamente íntima entre dois meninos e a dor da separação.

Como a relação entre eles é mostrada nos gestos pequenos: toques, olhares, brincadeiras, ausências.

O que muda quando a amizade se rompe — e como o corpo de cada um responde a isso?

Há uma ferida que não é visível, mas que vai tomando conta da narrativa. Qual é? Quem vê? Quem nega?

🎨 3. A linguagem visual: cor, luz e paisagem

A fotografia do filme é muito expressiva.

Repare nas cores predominantes em cada parte do filme (flores, campos, sombras, cores frias/quentes).

Como as estações do ano e a luz do dia refletem os sentimentos dos personagens?

Há muitas cenas em movimento, como corridas no campo ou entre flores. O que esses movimentos sugerem? Liberdade? Fuga? Vínculo?

🧠 4. O ponto de vista (e o que é negado ao espectador)

O filme é narrado pelo ponto de vista de Léo, o menino que sobrevive.

O que ele não consegue ver ou não quer ver?

O que o filme esconde de propósito de nós, espectadores, para que sintamos o mesmo que ele?

Quando você percebe que algo importante está sendo evitado, como se sente?

💬 5. O papel da escola e da norma social

Há uma cena em que os colegas sugerem que os dois meninos são "namorados".

Como isso quebra algo dentro da amizade?

Como os meninos internalizam a homofobia mesmo que ninguém diga isso diretamente?

Que mensagens o filme passa sobre o medo de ser visto como “fora da norma”?

🌊 6. O corpo e o tempo

Quando acontece um evento inesperado (vou evitar spoilers), reparem:

Como o corpo de Léo reage: ele sua, não dorme, corre, foge, se cala.

O filme mostra a dor de Léo não como um discurso, mas como uma experiência corporal.

A quem ele tenta proteger com o silêncio? A mãe? A si mesmo? O mundo?

💡 Dica para depois do filme:

Depois de assistir, vocês podem conversar a partir de perguntas como:

Qual foi a cena mais bonita? E a mais difícil?

O que ninguém disse, mas vocês sentiram fortemente?

Que título alternativo vocês dariam ao filme?

Como seria a história vista do ponto de vista do outro menino?


✨ O Silêncio que Machuca: Reflexões sobre o Filme Close (com spoiler!)

Acabamos de assistir Close, do diretor belga Lukas Dhont, e eu saí desse filme atravessada. Atravessada por uma dor antiga, por perguntas sem resposta, por revolta e por uma tristeza que não cabe inteira no corpo.

O filme fala de uma amizade intensa entre dois meninos, Léo e Rémi. Uma amizade que é amor, que é corpo, que é refúgio, que é lar. Até que o mundo chega — o mundo das normas, dos rótulos, dos olhares maldosos, das piadinhas que parecem bobas, mas carregam uma faca.

O que mais me feriu foi assistir Léo, por medo, por vergonha, por querer ser aceito, separar-se do amigo de forma brutal, seca, cruel — sem uma palavra, sem uma explicação. E o mais assustador: depois disso, ninguém conversa. Ninguém! Nem eles, nem os adultos, nem a escola, nem as mães. O silêncio vira um personagem pesado, sufocante, esmagador. Que SILÊNCIO insuportável!


💔 Quando o Amor Vira Fantasma

O que Léo faz com Rémi é um tipo de violência que não deixa marca no corpo, mas deixa cicatriz na alma. É o abandono de quem não sabe nomear o que sente. É um corte que tenta proteger, mas na verdade destrói.

Mas olhando mais fundo, percebo que Léo não abandona só o amigo — abandona uma parte de si. A parte que ama sem medo, que não sabe dos códigos do mundo, que não entende que meninos não podem ser assim, tão próximos, tão colados, tão afetivos, tão livres.


🔇 O Silêncio Como Violência Social

O que me deixou revoltada foi perceber como ninguém fala sobre o que aconteceu.

O filme obriga a gente a encarar o que o silêncio faz: ele paralisa, isola, mata um pedaço da vida que poderia existir. É um silêncio que SUFOCA!


🌀 A Ferida Coletiva Que Atravessa Todos Nós

Essa história não é só do Léo e do Rémi. É a história de todo mundo que já precisou escolher entre ser aceito ou ser verdadeiro. Entre pertencer ao grupo ou ser fiel ao próprio coração.

É sobre o preço que a gente paga pra não ser chamado de "diferente". É sobre como a escola, a família, a sociedade preferem varrer pra debaixo do tapete qualquer coisa que fuja da norma — mesmo que custe a vida emocional de quem está ali.


🌱 E Agora, o Que Fazer Com Isso?

Talvez a pergunta que o filme nos deixa não seja sobre o que os personagens fizeram ou deixaram de fazer, mas sobre o que nós, aqui e agora, fazemos com isso.

Já me afastei de alguém que eu amava por vergonha, medo, insegurança?

Já fui Rémi? Já fui Léo? Já fui uma das pessoas que se calou?

Que tipos de amizade, de amor, de afeto, não cabem no mundo como ele está hoje?

E que mundo eu quero ajudar a construir, onde vínculos como esse não precisem ser cortados para que ninguém se sinta ameaçado?

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